something in the way
Não muito antigamente, abria a janela do meu quarto e aquela brisa congelante me encontrava instantaneamente. Um som de algo pesado correndo se aproximava muito rapidamente até que surgia ofegante a minha frente. Costumava encostar meu nariz em seu focinho, afagar e puxar suas orelhas e lhe coçar o topo da cabeça. Sempre muito quente, tinha impulsos fortíssimos de passar meus braços por seu pescoço e encostar minha orelha aos seus pêlos.
And I can’t complain.
Um pouco antes desse tempo, em determinada ocasião, daquelas em que nos encontramos no meio de um turbilhão de acontecimentos e o amanhã é algo totalmente inesperado, saí já no meio da noite, a rua um deserto, com um pequeno ser de cor amarelada, que nada entendia. Lembro de ter corrido tanto, tanto, tanto. Um tanto que hoje não correria. Senti o mesmo vento gelado tentando me parar enquanto nós corríamos a toda, sem um destino definido. Depois fomos parando, de bocas abertas e o calor nos invadindo o corpo. Acho que sou uma pessoa de vento e faz tempo que não me sinto leve assim.
And then, unexpectedly, I think of you.
Hoje o casaco traz esse quente para a vida e nem um pestanejo se dá antes de vesti-lo. Durante toda semana o usei até para tentar dormir. Em meio de tantos momentos fitando o escuro do quarto e virando de um lado a outro, implorando por minutos de sono e paz nos meus sonhos, me encolhia buscando algum conforto em vão. Em puro vão. Minha cabeça era alfinetada a cada movimento e minhas costas estavam duras, tensas, ao toque dos meus dedos. Fechava os olhos e muito tempo parecia ter se passado, olhava o relógio e descobria que o ponteiro teimava em sair do lugar. Rezava pela hora de acordar logo e de voltar a dormir assim que fosse possível.
And then, I think of you — so far and yet so close to me.
Das conversas ao meu arredor que me acuavam, do medo do contato com outras pessoas, principalmente em lugares fechados, do não ter-me feito entender, das promessas que no íntimo sei que não se concretizarão, dos dias e das noites tensas, do refúgio inexistente, dessa falta de comunicação, dessa doença é que a repetição, desse tédio sempre tão presente, desse se preocupar com coisas pequenas e essas dores, desse comercial de si, essa piada tão manjada, do não acreditar, do não saber ser...
Honey, it’s for you.
junho 23, 2009
Profundo o.O!
Vc escreve de uma maneira que é meio "sei lá" de sutíl ele passa pro objetivo é bem bacana mesmo...Gostei mesmo...
Bjs
junho 23, 2009
vc conta otexto e parece que estamos ao seu lado ouvindo tudo, como se fosse amig, seu texto nos dá intimidade
junho 24, 2009
Eu to esperando o final da explicação ashaushaiushauis
eu gosto do jeito que vc escreve. Você é íntima.
Bjos nega
junho 24, 2009
É estranho dizer isso, mas esse seu texto tem cheio de Toddy. Acho que é porque parece que voce esta me contando uma historia da sua infancia do lado de fora da casa, com uma caneca de Toddy quente.
Seria eu ou voce tem talento?
Caique Almeida
http://rumborasocialclube.blogspot.com/
junho 25, 2009
Um 'quê' de nostalgia, bem sutil e brilhante!
Becca will be always Becca!!
bjo bjo
junho 25, 2009
cê já sabe o que eu achei Rebecca...
criar requer liberdade, liberte-se!!!
quanto mais livre vc for, mas fácil será pra ti escrever!
o silêncio é a prisão e a chave mestra de qualquer porta é a palavra!
do amigo Max!
junho 25, 2009
junho 25, 2009
cê já sabe o que eu achei Rebecca...
criar requer liberdade, liberte-se!!!
quanto mais livre vc for, mais fácil será pra ti escrever!
o silêncio é a prisão e a chave mestra de qualquer porta é a palavra!
do amigo Max!
junho 25, 2009
Gostei do modo introspectivo como escreve, vc voa entre dessabores e cotidianos...
bjitos
http://www.pequenosdeleites.blogspot.com
junho 25, 2009
cê já sabe o que eu achei Rebecca...
criar requer liberdade, liberte-se!!!
quanto mais livre vc for, mais fácil será pra ti escrever!
o silêncio é a prisão e a chave mestra de qualquer porta é a palavra!
do amigo Max!
junho 28, 2009
Adorei a parte do vento na boca. Sempre abria fazia isso quando viajava de carro. Abria toda a janela e metia a cara pra fora. Depois morria de soluço.
junho 29, 2009
Você escreve muito bem mesmo...
Fiquei meio bobo com o texto
http://cerebro-musical.blogspot.com
junho 29, 2009
Seu texto lembra Clarisse Lispector... Mas o seu parece que termina cedo demais, é leve, deixa querendo mais...
Ao mesmo tempo que a gente ouve a sua história, parece que a gente pode entender como nossa... Como aquelas músicas que mudam de significado conforme o nosso humor!
Você escreve muito bem, voltarei!
Até!
junho 29, 2009
otexto muito envolvente...bem escrito...gostei do começo abria a janela do meu qaurto e a brisa congelante me encotrava...fez viajar nos meus pensamentos..
julho 08, 2009
Gosto de ler os seus textos são envolventes,consegue transmitir o que seu coração fala consegue se expressar.
Beijos
julho 23, 2009
Por causa de uma reforma computacional eu havia perdido o endereço de teu blog. Eis que topo com ele de novo, e já tá guardadinho o endereço !
;-)
ACasaDasMilPortas
Beijão.