Forca Feeling

Forca Feeling
- Rebecca Albino


É melhor escrever logo enquanto a censura “permitir” ou pelo menos enquanto os “homi” não entram aqui e saiam apagando post afora. Trato aqui sobre o último assunto polêmico entre, nós, os internautas: a aprovação da lei elaborada pelo Senador Eduardo Azeredo. Com ela, Azeredo pretende eliminar da rede a pedofilia, mensagens de apoio ao racismo, proteger trabalhos acadêmicos e diminuir o fluxo de vírus.

Nem tudo são flores...

O problema é que, além de estarmos sob vigilância, causando já uma sensação estranha de dèjá vu, a lei foi escrita de uma forma tão ampla e tão subjetiva, que, no fundo, somos todos criminosos e, como tais, estamos sujeitos a anos de prisão (algumas penas são de dois anos). Até separarem o joio do trigo, já se foram muitos condenados.

Quando começo a dissertar sobre um comercial (ultimamente meu alvo preferido vem sendo a campanha, digamos, dançante de um banco), geralmente digo: “Não sei quem é pior: quem cria ou quem aprova.” Hoje não falo a respeito de um comercial, mas a frase se encaixa perfeitamente. Ora, minha gente, sejamos francos: de movimentos contra a Internet já temos os programas de televisão — julgo desnecessário citar um em particular, fã de carteirinha dessa prática, mas darei apenas uma dica, afinal, tem-se que tomar cuidado com o que se diz nas datas atuais: é exibido todo Domingo.

No mais (entrando aqui no modo revoltado), assim como cientistas que passam anos pesquisando, para um dia anunciarem que o chocolate trás uma boa sensação, parecem não saber que há o câncer para se descobrir a cura, será que o parlamento não tem nenhuma questão mais urgente para se discutir? Talvez uma roupa para lavar? Segue uma lista das primeiras sugestões que me ocorreram:

- Investimento nas ciências exatas, na cultura e na educação, em geral;
- Melhor distribuição de renda e geração de empregos;
- Investir na saúde, no planejamento familiar, no saneamento básico e na moradia;
- Melhorar a qualidade da segurança, na preparação de profissionais e na infra-estrutura;
- Conciliar a preservação do meio-ambiente e o avanço tecnológico;
- Etc.

O sentimento na prática


Esta semana, ao me cadastrar em um fórum, fui advertida a respeito de algumas regras impostas pelos moderadores para que meu passaporte para a comunidade fosse efetuado. Ótimo, prossegui apertando no OK, crente que seria mais um daqueles enormes textos que ninguém lê, mas diz que lê, aperta o OK e pronto. O que veio a seguir, porém, foram apenas algumas frases que me diziam para ter cuidado com o que digo, quem eu cito, o que quero dizer, etc. Tudo terminava com um “... será expulso”, que me aterrorizou, como no primeiro dia de aula quando uma professora muito séria e com cara de má diz que será inadmissível a conversa dentro de sala. Senti-me como o pobre bonequinho da forca: magra feito aqueles palitinhos, fraca como o grafite que risca o papel, temendo que uma letra mal escolhida resultasse em uma lança atravessada no meu pescoço., denunciando meu fim. Sinceramente, deixei a tela da última etapa de cadastro do fórum minimizada por muito tempo, pensando: “Aderir ou não aderir? Eis a questão...”


Leia:

“1984” – George Orwell;

Xô Censura! — procure pelos blogs participantes da campanha.

Assine:

Petição contra o Projeto de Cibercrimes



- O dia 19 de julho foi escolhido por representar o dia em que o jornal O Estado de São Paulo publicou receitas e poemas de Luiz de Camões no lugar das matérias censuradas no ano de 1972. -

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